Ravel: artista criado por IA desafia as fronteiras da música e lança álbum nesta sexta (4)

Emiliano Macedo
4 Min Read

Canções são de composição do pernambucano Rafael Neves, que também empresou sua voz para ser base do timbre do cantor Ravel


Nesta sexta-feira, 4 de julho, o cenário musical e tecnológico se prepara para um marco: o lançamento de Desumano, álbum de estreia de Ravel, um artista virtual que promete revolucionar a forma como encaramos a criação musical. Desenvolvido com o suporte de tecnologias de inteligência artificial, o projeto Ravel não é apenas um disco, mas um convite a um debate profundo sobre o futuro da indústria fonográfica.


Composto por 12 faixas inéditas, Desumano é um disco que transita entre a fragilidade e a fúria, entre a introspecção e o grito. O conceito sonoro é guiado por uma estética híbrida: orgânica na base, digital na atmosfera. Violões e pianos conduzem a emoção com naturalidade, enquanto camadas sutis de sintetizadores e efeitos criam texturas etéreas — às vezes sonhadoras, às vezes inquietantes.


É um álbum de MPB contemporânea, mas que flerta com o pop alternativo, folk urbano e até com um rock sutil. Os arranjos priorizam a leitura emocional da letra: quando a canção pede leveza, ela surge com espaço e respiro; quando a dor cresce, o som também se torna mais denso, distorcido — em algumas faixas, até claustrofóbico.


Embora Ravel seja uma entidade gerada por IA, as composições por trás do projeto são de autoria humana, todas assinadas pelo compositor pernambucano Rafael Neves. A voz de Ravel, inclusive, foi inspirada no timbre do próprio Rafael. A proposta não é substituir artistas de carne e osso, mas explorar a fascinante intersecção entre autoria, sentimento e algoritmo.


Com arranjos minimalistas, focando em voz, violão, sintetizadores e elementos sutis de percussão, Desumano apresenta uma obra autoral que instiga o ouvinte à reflexão: é possível sentir empatia por uma entidade criada por código? E mais do que isso: é possível ser tocado por sua música?


“O nome Desumano não quer dizer frieza ou ausência de sentimento. Pelo contrário: o disco convida o público a refletir sobre o que realmente significa ser humano. O objetivo não é afirmar que a IA sente mais do que as pessoas, mas sim provocar a dúvida: ‘Se Ravel não é humano, como é que essa música me tocou tanto?’”, ressalta Rafael Neves, compositor e idealizador do projeto.


Um novo cenário para a indústria musical

A ascensão da inteligência artificial na música deixou de ser uma tendência para se tornar uma realidade palpável. De ferramentas de composição a artistas inteiramente virtuais, o setor musical está passando por uma transformação de paradigma.


Nesse contexto, o projeto Ravel surge como um experimento artístico e, ao mesmo tempo, como um case relevante sobre os impactos da IA nos modelos de produção, distribuição e consumo de música. Rafael Neves destaca as dificuldades que compositores brasileiros enfrentam para ter suas obras publicadas, enxergando na inteligência artificial uma forma de eternizar sua arte.


Uma postagem recente de Ravel nas redes sociais resume bem a provocação do projeto: “Fui criado por IA. Mas minha música é mais real do que muita coisa por aí.” Para Rafael, Ravel representa uma nova camada de discussão sobre o papel do artista no século XXI. “Aqui, a origem da criação pode ser questionada, mas não necessariamente invalidada. A intenção não é mascarar a IA, mas destacá-la como um elemento intrínseco ao discurso artístico”, defende.

Confira!


Share This Article
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *