
Com uma infinidade de plataformas de streaming em disputa, além de cinco redes nacionais de televisão aberta, seria natural imaginar que houvesse espaço de sobra na programação do horário nobre para todos os programas bem-sucedidos. No entanto, com as séries de uma hora — sejam realities ou produções roteirizadas — dominando o cenário, o número de atrações que conseguem ser renovadas ou lançadas a cada temporada continua limitado.
A situação foi agravada pelos atrasos nas produções causados pelas greves de roteiristas e atores em 2023. As redes ainda estão lidando com os impactos desse período, o que reduziu ainda mais as oportunidades na grade de programação. Com isso, muitas séries acabaram sendo encerradas de forma precoce, sem tempo para atingir seu pleno potencial. A temporada de 2024-2025 refletiu essa realidade desafiadora.
Tanto produções consagradas — como procedimentos policiais e dramas de longa duração — quanto apostas mais recentes, como séries de ação, sitcoms revividas e novas fantasias promissoras, foram afetadas. Independentemente da popularidade ou do estágio em que se encontravam, muitos programas não retornarão para a temporada de 2025-2026.
Confira a seguir a lista de séries canceladas em 2025 — um retrato das escolhas difíceis feitas em um cenário televisivo cada vez mais competitivo e imprevisível.

A Franquia
A primeira série cancelada em 2025 foi esta comédia da HBO, arquivada em 3 de janeiro após apenas uma temporada. A vida curta do programa provavelmente se deve aos baixos índices de audiência, tanto no streaming quanto na exibição ao vivo. Durante sua exibição original em 2024, A Franquia nunca chegou a figurar entre as 10 séries mais assistidas da Max. E embora a audiência ao vivo possa ser uma métrica nebulosa em tempos de reprodução constante nas plataformas, os números de streaming não mentem.
A Franquia acompanhava os bastidores desastrosos de um filme fictício de super-heróis chamado Tecto, centrando-se em um elenco e equipe técnica infelizes tentando, a duras penas, concluir uma produção caótica. A aposta era capturar parte do sucesso bilionário de franquias como as da Marvel. No entanto, o programa talvez tenha sido “meta” demais para o grande público, que possivelmente esperava cenas cômicas de combate ao crime — e não discussões sobre pedidos de café entre agentes e produtores. Onde ver: Max.

Frasier
Frasier Crane deixou o prédio pela segunda vez. O revival de Frasier chegou ao fim em 17 de janeiro, após a exibição da segunda temporada no final de 2024. A nova versão da clássica sitcom foi produzida para a Paramount+ e ambientada em Boston, acompanhando o icônico psiquiatra (vivido por Kelsey Grammer) mais de duas décadas após sua despedida de Seattle, quando trocou o rádio por um talk show na televisão.
Com o fim de seu programa, Frasier aceita um cargo em uma universidade de Boston e passa a morar com seu filho, Freddy (Jack Cutmore-Scott), que trabalha como bombeiro — um contraste marcante com o refinado estilo de vida do pai.
Apesar do cancelamento, a CBS Studios declarou interesse em vender os direitos da série para outras plataformas de streaming. Kelsey Grammer, em entrevista ao The New York Post, afirmou que o novo comando da emissora não priorizou a sitcom após a saída do executivo que havia aprovado o projeto. “Vamos acabar em algum lugar onde haja paixão pelo programa. Há um público fiel, uma grande base de fãs, e se souberem onde nos encontrar, acredito que irão nos acompanhar”, disse o ator. Onde ver: Paramount+.

Sandman
Sandman encontrou a Morte em 31 de janeiro. A série da Netflix foi oficialmente cancelada, pouco depois de virem à tona acusações de má conduta sexual e agressão contra o criador Neil Gaiman, feitas por várias mulheres. No entanto, segundo fontes, o cancelamento já estava nos planos da plataforma, que pretendia encerrar a história após a segunda temporada.
A Netflix ainda não confirmou o número total de episódios da temporada final, que será lançada em duas partes, nos dias 3 e 24 de julho.
Baseada na aclamada série de quadrinhos de Gaiman, Sandman acompanha Dream (ou Morpheus), interpretado por Tom Sturridge — uma entidade cósmica que representa os sonhos e faz parte dos Endless, seres imortais que personificam conceitos fundamentais da existência humana: Destino, Morte, Desejo, Desespero, Delírio e Destruição.
A segunda temporada adapta o arco Season of Mists, considerado um dos mais icônicos da série original. Onde ver: Netflix.

Bookie
Às vezes, até mesmo uma fórmula promissora pode acabar sendo uma aposta perdida. Bookie — que contava com o prestígio do co-criador Chuck Lorre e um elenco de peso com Vanessa Ferlito, Jorge Garcia, Sebastian Maniscalco e Omar Dorsey — foi cancelada em 18 de fevereiro após apenas uma temporada na HBO, apesar de inicialmente estar programada para duas.
A série também chamou atenção por marcar a reunião entre Charlie Sheen e Chuck Lorre, após anos de tensão entre os dois devido à polêmica saída de Sheen de Two and a Half Men.
Bookie acompanhava Danny Colavito (Maniscalco), um apostador esportivo que fazia fortuna antes da legalização das apostas. Com a popularização do jogo online e a entrada de concorrentes corporativos no mercado, Danny se vê forçado a se reinventar — e a cavar fundo — para manter sua clientela e o dinheiro circulando.
Até o momento, não há informações sobre uma possível venda da série para outras plataformas. Onde ver: Max.

FBI: International
Era uma vez em que qualquer derivado da franquia FBI parecia garantir renovação automática, graças ao nome de peso de Dick Wolf e à força consistente nas audiências. Mas esse prestígio começou a desvanecer. Em 4 de março, a CBS anunciou o cancelamento de FBI: International e FBI: Most Wanted, sinalizando que até mesmo o império televisivo de Wolf não é imune a cortes.
A decisão teria sido motivada por uma combinação de fatores: preocupações com o orçamento em relação ao desempenho de audiência e a falta de espaço na grade da emissora. No fim das contas, o custo-benefício pesou mais do que o legado.
FBI: International, que durou quatro temporadas, levou a fórmula da série original para além das fronteiras americanas. Ambientada majoritariamente na Europa, com passagens ocasionais pelo Oriente Médio, a série se destacou pela proposta internacional e também por sua alta rotatividade no elenco — incluindo a saída do protagonista Luke Kleintank, posteriormente substituído por Jesse Lee Soffer, conhecido por seu papel em Chicago P.D. Onde ver: Universal+ e Globoplay.

FBI: Most Wanted
FBI: Most Wanted foi cancelada no mesmo dia que sua série irmã, FBI: International, e pelos mesmos motivos: os índices de audiência não justificavam os altos custos de produção, e o espaço na programação da CBS e no catálogo da Paramount+ estava cada vez mais disputado.
Felizmente, os roteiristas e produtores tiveram tempo para preparar finais apropriados para ambas as séries, que se despedem do público no final de maio.
A trama de Most Wanted gira em torno do ramo da Força-Tarefa de Fugitivos (FTF) do FBI, sediada em Nova York. A missão do grupo? Perseguir e capturar os criminosos mais perigosos da lista dos Mais Procurados dos Estados Unidos. Embora a base seja na Big Apple, a equipe frequentemente cruza o país em busca de fugitivos.
Remy Scott (Dylan McDermott) assumiu o comando a partir da terceira temporada, após a saída do agente Jess LaCroix, interpretado por Julian McMahon. A série encerra sua jornada após seis temporadas de intensa ação e investigações. Onde ver: Universal+ e Globoplay.

Recruta
A Netflix mantém um domínio forte no universo das séries dramáticas, mas nem sempre suas apostas conseguem brilhar até o fim. Recruta foi sua tentativa mais próxima de replicar o sucesso de programas de ação e aventura do Amazon Prime Video, mas, infelizmente, não conseguiu decolar. A série foi cancelada após duas temporadas, em 5 de março.
A trama acompanha Owen Hendricks (Noah Centineo), um jovem advogado da CIA que se vê no meio de uma teia complexa quando Max Meladze (Laura Haddock), uma agente ativa, revela segredos que abalam o relacionamento dela com a agência. Determinada a limpar seu nome, Max conta com Owen para assumir o caso — uma missão que pode salvar a pele de ambos.
A série terminou em um suspense impactante, com a morte inesperada de um dos maiores inimigos de Owen — um mistério que, infelizmente, jamais será resolvido. Onde ver: Netflix.

S.W.A.T.
A segunda chance dentro da bolha não foi suficiente para salvar o aparentemente indestrutível S.W.A.T., que foi cancelado pela segunda — e provavelmente definitiva — vez em 6 de março. O procedural, um remake da série de curta duração de 1975, estava na sua sexta temporada quando foi cortado em 2023. No entanto, graças à forte reação dos fãs e negociações habilidosas, o programa recebeu uma inesperada renovação para a oitava temporada em 2024.
Mas, desta vez, a CBS decidiu não negociar uma nona temporada, optando por encerrar a série quando julgou ser o momento adequado.
Shemar Moore, que interpreta o protagonista Hondo, foi o maior defensor do drama e chegou a tentar despertar o interesse da Netflix pela série. “Confie em mim, todos nós, a família de S.W.A.T., ainda não terminamos de perseguir bandidos, realizar perseguições de helicóptero, de motocicleta, de carro e explodir coisas. Não terminamos”, afirmou ele em parte de uma publicação no Instagram.
De fato, o final exibido em 16 de maio foi cuidadosamente elaborado para ser um espetáculo aberto, deixando os fãs com aquele gostinho de quero mais. Onde ver: Netflix e Disney+.

Segundas Intenções
Parece que sexo nem sempre é sinônimo de sucesso. Segundas Intenções foi a tentativa do Prime Video de atualizar o cult de 1999 para a década de 2020, trazendo as intrigas sexuais e sociais de Kathryn Merteuil — aqui chamada Caroline e interpretada por Sarah Catherine Hook —, Sebastian Valmont (rebatizado Lucien Belmont, vivido por Zac Burgess) e Annette Hargrove (renomeada Annie Grover, papel de Savannah Lee Smith) para um ambiente universitário moderno.
Porém, essa adaptação acabou se distanciando demais do filme original — e do romance clássico Les Liaisons dangereuses, de Pierre Choderlos de Laclos —, não conquistando o público. A audiência da primeira temporada de Dangerous Liaisons foi decepcionante, e o cancelamento foi anunciado em 10 de março. Onde ver: Prime Video.

A Vida Sexual das Universitárias
A Vida Sexual das Universitárias estreou com força no Max, mas foi cancelado após três temporadas, em 18 de março. Embora a Warner Bros. Television tenha tentado encontrar um novo lar para a série, não conseguiu concretizar uma nova negociação. As baixas audiências foram apontadas como a principal causa do cancelamento, mesmo com o programa mantendo um núcleo fiel de espectadores ao longo de suas três temporadas.
A série acompanha quatro calouras universitárias de diferentes origens e regiões do país, que se encontram no Essex College, em Vermont. A saída de Reneé Rapp, que interpretava Leighton Murray — a protegida da cidade de Nova York — no início da terceira temporada, foi sentida como um duro golpe para a produção. Muitos fãs acreditaram que a química do elenco mudou, enfraquecendo a dinâmica central da série. Infelizmente, essa perda pode ter acelerado o fim prematuro de A Vida Sexual das Universitárias. Onde ver: Max.

Citadel: Diana
As coisas não estão indo bem para a franquia Citadel do Prime Video. Originalmente idealizada pela ex-chefe da Amazon MGM Studios, Jennifer Salke, como uma grande franquia de espionagem produzida pelos irmãos Russo, a série vem enfrentando dificuldades. O impacto das produções Citadel: Diana e Citadel: Honey Bunny, junto com uma série de problemas na produção da segunda temporada de Citadel, deixaram o futuro da franquia incerto.
Além disso, os spin-offs planejados estão suspensos enquanto o streamer avalia o desempenho da segunda temporada da série principal. As duas séries derivadas, Diana e Honey Bunny, foram canceladas em 16 de abril após números medíocres de streaming internacional, que não justificaram o investimento feito pelo Prime Video. Atualmente, o plano é integrar elementos das histórias de Honey Bunny e Diana na trama principal de Citadel.
Ambientada em 2030, Diana acompanha Diana Cavalieri (Matild De Angelis), uma espiã italiana infiltrada para trabalhar disfarçada para a Cidadela. Como a história se passa em um período diferente da série original, será interessante ver como esse arco será conectado à narrativa principal da franquia. Onde ver: Prime Video.

Citadel: Honey Bunny
Citadel: Honey Bunny também encontrou seu fim em 16 de abril, cancelada ao lado de Diana. Com uma abordagem mais livre e estilizada do universo Citadel, a série trouxe um tom mais romântico e menos sisudo que o da produção original, apostando em uma estética mais suave e emocional.
A trama se desenrola entre 1992 e 2000, acompanhando Bunny (Varun Dhawan), um dublê que acaba envolvendo Honey (Samantha Ruth Prabhu), uma atriz, em sua vida fora das telas — uma vida repleta de espionagem e perigos. Em 1992, os dois se aproximam em meio ao caos e à adrenalina. Já em 2000, estão separados, e Bunny vive distante da filha que teve com Honey. Mas quando uma nova ameaça surge, o destino força o reencontro dos antigos amantes.
Apesar de ser considerada a produção mais inventiva entre os derivados da franquia, Honey Bunny não conseguiu impulsionar o desempenho do Prime Video. Seus números de audiência ficaram aquém das expectativas, tornando-se mais uma peça descartada na ambiciosa, porém vacilante, construção do universo Citadel. Onde ver: Prime Video.

The Equalizer – A Protetora
Maio é tradicionalmente um mês de cortes profundos nas redes de televisão aberta, e a primeira vítima desse período foi um dos procedimentos mais queridos da CBS. The Equalizer – A Protetora durou cinco temporadas e foi fundamental para sustentar a programação dos domingos à noite do canal, antes de ser oficialmente cancelada em 8 de maio. Apesar da boa recepção e do desempenho sólido, a série acabou vítima da constante superlotação na grade da CBS — um problema recorrente que já prejudicou outras produções do canal nos últimos anos.
Estrelada por Queen Latifah, essa nova versão da série original de 1985 apresentou Robyn McCall, uma mulher com um passado misterioso na CIA, cuja frieza sob pressão, habilidades pouco convencionais e forte senso de justiça a transformam em uma vigilante moderna. Apesar de agora viver como uma mãe solteira aparentemente comum em Nova York, Robyn combate o crime à sua maneira, muitas vezes fora dos limites da lei.
Felizmente, The Equalizer – A Protetora teve tempo de preparar uma despedida digna para seus fãs. O final da quinta temporada foi escrito de forma aberta e satisfatória, permitindo que os personagens encerrassem seus arcos com dignidade. Apesar de não haver planos para que a série seja retomada por outra emissora ou plataforma, ao menos ela pôde sair de cena de maneira respeitosa. Onde ver: Globoplay.
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