Os melhores filmes para adultos no Disney+

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Cena de Amor, Sublime Amor
Cena de Amor, Sublime Amor

Quando se pensa em filmes da Disney, é natural que venham à mente animações encantadoras voltadas ao público jovem — e essa associação não está totalmente errada. Ao longo das décadas, a famosa Casa do Mickey construiu sua reputação produzindo conteúdo familiar, desde clássicos imortais como Branca de Neve e os Sete Anões e A Bela e a Fera até sucessos contemporâneos como Frozen e Moana. Essas produções, e muitas outras, estão disponíveis no Disney+, a plataforma de streaming do estúdio que reúne o vasto catálogo da empresa.

No entanto, o que muita gente talvez não saiba é que o Disney+ também oferece uma seleção considerável de filmes voltados para um público mais velho e maduro. Embora alguns desses títulos ainda possam agradar toda a família, muitas das suas nuances, temáticas e referências tendem a escapar à compreensão de crianças mais novas — sem falar em uma ou outra obra que pode ser considerada assustadora ou até mesmo repulsiva para os pequenos.

Esses filmes menos conhecidos dentro do catálogo da Disney+ transitam por diversos gêneros e estilos. Há dramas baseados em histórias reais, comédias românticas ambientadas no ensino médio, tramas esportivas com protagonistas cativantes e até ficções científicas de tirar o fôlego. São títulos que oferecem algo mais profundo, emocional ou provocador — o tipo de experiência cinematográfica que fala diretamente com o público adulto.

Por isso, se você achava que o Disney+ era exclusivamente um refúgio para contos de fadas e musicais coloridos, vale a pena repensar essa ideia. Reunimos aqui alguns filmes disponíveis na plataforma que comprovam que a Disney também sabe como entreter, emocionar e surpreender os adultos. Prepare-se para descobrir — ou redescobrir — obras que vão muito além da magia infantil.

10 Coisas que Eu Odeio em Você

10 Coisas que Eu Odeio em Você

Ao longo do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, Hollywood foi inundada por uma onda de adaptações literárias modernizadas, como Clueless, O Diário de Bridget Jones e Ela é o Cara. No entanto, 10 Coisas que Eu Odeio em Você, dirigido por Gil Junger, continua a se destacar nesse cenário graças ao seu elenco inegavelmente carismático e ao roteiro afiado e espirituoso de Karen McCullah e Kirsten Smith — que consegue transformar uma comédia de Shakespeare em uma envolvente comédia romântica adolescente.

Inspirado na peça A Megera Domada, de William Shakespeare, o filme apresenta Kat Stratford (Julia Stiles), uma estudante do ensino médio sarcástica e intelectual, que, ao contrário de sua irmã mais nova Bianca (Larisa Oleynik), demonstra zero interesse por namoro ou pelas hierarquias sociais do colégio Padua High School. A chegada de novos alunos, como Cameron James (Joseph Gordon-Levitt) e Patrick Verona (Heath Ledger), mexe com as estruturas da escola — e com os corações dos personagens. Cameron se apaixona por Bianca à primeira vista, mas tem um obstáculo: ela está encantada pelo narcisista popular Joey Donner (Andrew Keegan).

Quando todos descobrem que o pai superprotetor das garotas, Walter (Larry Miller), só permitirá que Bianca namore se Kat também estiver em um relacionamento, Joey — sem o conhecimento de Kat — paga Patrick para convidá-la para sair. Enquanto isso, Cameron tenta, frustradamente, conquistar Bianca por meios mais genuínos. Essa trama culmina em uma cena memorável durante o baile de formatura, com reviravoltas emocionais e revelações sinceras.

O elenco adolescente brilha, especialmente Heath Ledger — e mesmo que você não se lembre de todos os detalhes da trama, é quase impossível esquecer a cena em que ele canta Can’t Take My Eyes Off You para conquistar uma relutante Kat. Leve, divertido e, por vezes, surpreendentemente tocante, o filme se tornou um clássico do gênero teen por boas razões. Assim como Driblando o Destino (Bend It Like Beckham), talvez não seja o tipo de obra que atraia imediatamente o público infantil — e algumas piadas são um tanto avançadas para os ouvidos mais jovens —, mas para os adolescentes e adultos nostálgicos, é um verdadeiro achado.

Deadpool

Deadpool

Pode parecer óbvio, mas ainda vale dizer: crianças pequenas definitivamente não deveriam assistir Deadpool. A história de origem lançada em 2016 — dirigida por Tim Miller e escrita por Rhett Reese e Paul Wernick — funciona como um spin-off da franquia X-Men, mas com foco total em um dos personagens mais queridos (e desbocados) da Marvel Comics: o próprio Deadpool, interpretado com perfeição por Ryan Reynolds.

No início da trama, conhecemos Wade Wilson, um mercenário espirituoso com uma namorada apaixonante — Vanessa Carlysle, vivida por Morena Baccarin. Tudo muda quando Wade descobre que tem câncer terminal. A salvação aparece na forma de uma oferta suspeita feita por Ajax (Ed Skrein), um homem misterioso que promete uma cura. O tratamento, no entanto, envolve dias de tortura com supersoros e câmaras hipobáricas. O resultado? Wade sobrevive, livre do câncer, mas completamente desfigurado.

Devastado com sua nova aparência, ele adota a identidade de Deadpool e embarca numa jornada de vingança contra Ajax, com a ajuda de aliados inusitados, como o motorista de táxi Dopinder (Karan Soni) e os X-Men Colossus (voz de Stefan Kapičić) e Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand).

Deadpool é, para deixar claro mais uma vez, altamente inapropriado para crianças. O filme começa com uma montagem de feriados bem explícita envolvendo Wade e Vanessa e segue recheado de violência gráfica, piadas politicamente incorretas e palavrões em profusão. Para o público certo, no entanto, é uma experiência hilária e refrescante — e está disponível no Disney+.

Ah, e vale lembrar: o sucesso foi tanto que o longa gerou duas sequências de peso — Deadpool 2 (2018) e Deadpool & Wolverine (2024), mantendo o humor ácido e a ação sem limites que os fãs adoram.

Mudança de Hábito (Sister Act)

Mudança de Hábito (Sister Act)

Décadas após A Noviça Rebelde (The Sound of Music), uma outra freira nada convencional conquistou o público: Mudança de Hábito (Sister Act), comédia de 1992 dirigida por Emile Ardolino e estrelada por Whoopi Goldberg. Ela interpreta Deloris Wilson, uma cantora de lounge em Las Vegas — e ex-professora católica — que entra no programa de proteção a testemunhas após presenciar seu namorado mafioso, Vince (Harvey Keitel), cometer um assassinato.

Escondida no convento da Paróquia de Santa Catarina, em Los Angeles, Deloris claramente não se encaixa entre as freiras rígidas do local. A Reverenda Mãe (interpretada por Dame Maggie Smith) aceita recebê-la — com uma ajudinha financeira da polícia —, mas não espera que a presença da nova hóspede vá abalar as estruturas do convento. Quando Deloris assume o comando do coral e traz um toque moderno ao repertório — misturando gospel, rock e soul —, ela não apenas revitaliza a música da igreja, como também ajuda a reconectar a comunidade à paróquia. E quando Vince finalmente encontra Deloris e a sequestra, as irmãs não pensam duas vezes antes de se unir para salvá-la.

Mudança de Hábito é, como A Noviça Rebelde, relativamente apropriado para crianças, embora boa parte da trama possa passar batido pelos pequenos (vamos ser sinceros: a maioria deles nem sabe o que é “proteção a testemunhas”). Ainda assim, o filme é um clássico absoluto para toda uma geração — e uma excelente pedida no Disney+ para os adultos nostálgicos.

Amor, Sublime Amor

Amor, Sublime Amor

Os musicais no cinema passaram por altos e baixos ao longo das décadas, mas com o entusiasmo em torno de novas produções como a primeira parte de Wicked, vale lembrar que Steven Spielberg já entregou uma das melhores adaptações recentes do gênero: seu deslumbrante remake de Amor, Sublime Amor (West Side Story), lançado em 2021 — e, sim, é absolutamente incrível.

Com as canções originais de Leonard Bernstein e Stephen Sondheim, e um roteiro atualizado por Tony Kushner (de Angels in America e colaborador frequente de Spielberg), o diretor presta uma homenagem respeitosa e vibrante tanto ao filme de 1961 de Robert Wise quanto ao musical da Broadway de 1957 criado por Jerome Robbins. Spielberg escala Rachel Zegler como María, uma jovem porto-riquenha que se apaixona por Tony (Ansel Elgort), sem saber que ele é membro dos Jets — uma gangue majoritariamente branca e rival mortal dos Sharks, liderados pelo irmão de María, Bernardo (David Alvarez). (West Side Story é, afinal, uma reinterpretação urbana de Romeu e Julieta, então já dá pra imaginar que o final não é exatamente feliz.)

O elenco é um verdadeiro espetáculo à parte, reunindo cantores e dançarinos de altíssimo nível — com exceção de Elgort, cuja performance fica um pouco atrás dos colegas, especialmente de Zegler e Mike Faist (que brilha como Riff, o melhor amigo de Tony). O destaque absoluto, no entanto, é Ariana DeBose, que rouba a cena como Anita, namorada de Bernardo — um papel que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Apesar de a nova versão ter sido aclamada, é possível que West Side Story ainda não tenha recebido todo o reconhecimento que merece. Felizmente, está disponível no Disney+, pronta para ser redescoberta. Só vale lembrar: apesar da música e da dança, o tom é mais sério — o que pode torná-lo menos atrativo ou até pesado para crianças pequenas.

Alien

Alien

Não assista Alien com crianças pequenas. Sério. O clássico de ficção científica dirigido por Ridley Scott em 1979, estrelado por Sigourney Weaver como a icônica Ellen Ripley, é um filmaço — mas também é pura tensão e horror espacial. Assistir a isso com uma criança pequena provavelmente resultaria em traumas duradouros. Mesmo estando disponível no Disney+, Alien definitivamente não é conteúdo infantil.

Na trama, Weaver brilha em seu papel revelação como suboficial da nave comercial Nostromo. Quando o computador de bordo — chamado Mother (com voz de Helen Horton) — detecta uma transmissão misteriosa vinda de um planeta próximo, a tripulação pousa por lá para investigar. O que encontram? Um ninho de ovos alienígenas. E é aí que o caos começa.

Depois que um dos tripulantes, Kane (John Hurt), é atacado por uma criatura e a leva para dentro da nave, um pesadelo se desenrola. O alienígena cresce rapidamente e começa a caçar um a um os membros da equipe. Cabe a Ripley enfrentá-lo — com a ajuda apenas de sua astúcia, coragem e de Jones, o gato da nave. O filme entrega uma série de momentos assustadores e inesperados, incluindo a lendária cena do “nascimento” do alien do peito de Kane — uma sequência tão chocante que até os próprios atores foram pegos de surpresa na gravação.

Se você já conhece Alien, sabe que ele é tenso, claustrofóbico e visualmente perturbador — tudo o que crianças pequenas não precisam ver. Para os fãs mais crescidos de ficção científica e terror, no entanto, é uma obra-prima imperdível. Agora… se você for um adulto facilmente impressionável, talvez queira pensar duas vezes antes de encarar esse clássico do espaço profundo.

Enquanto Você Dormia (While You Were Sleeping)

Enquanto Você Dormia (While You Were Sleeping)

A comédia romântica Enquanto Você Dormia (While You Were Sleeping), de 1995, estrelada por Sandra Bullock, Bill Pullman e Peter Gallagher, é considerada um clássico do gênero — mas, convenhamos, é também um dos filmes mais esquisitos (e levemente perturbadores) da categoria.

Conhecemos Lucy Eleanor Moderatz (Bullock), uma funcionária solitária da bilheteria do metrô de Chicago que nutre uma paixão à distância por Peter Callaghan (Gallagher), um passageiro charmoso que ela vê todos os dias. Um dia, Lucy salva Peter depois que ele é empurrado nos trilhos do trem por assaltantes. Enquanto o acompanha inconsciente até o hospital, ela murmura: “Eu ia me casar com ele.” Essa frase, meio dita ao vento, acaba sendo ouvida — e mal interpretada — pelos médicos e, mais tarde, pela família de Peter, que acredita que Lucy é sua noiva. Como Peter está em coma, ele não pode esclarecer nada… e Lucy, bem, não se apressa exatamente em contar a verdade.

Enquanto se envolve cada vez mais com a excêntrica e amorosa família Callaghan, Lucy começa a criar laços reais com eles — especialmente com Jack (Pullman), o irmão de Peter, que logo desconfia de que há algo estranho nessa história de noivado. O problema é que Lucy está tão carente de afeto que hesita em desfazer a farsa.

Se uma criança assistisse While You Were Sleeping, provavelmente não entenderia o quanto esse enredo é, na real, bem esquisito — e até desconfortável em alguns momentos. Não que elas achassem chato… mas o filme definitivamente não foi feito para um público infantil. Essa é uma daquelas comédias românticas pensadas para adultos, especialmente os que conseguem relevar o fato de que Lucy está tecnicamente se passando por noiva de um cara em coma… e ninguém chama a polícia.

Free Solo

Free Solo

Dirigido por Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin, o documentário Free Solo, de 2018, é uma visão fascinante — e vencedora do Oscar — sobre um alpinista da vida real tentando um feito inacreditável. Mas, sejamos sinceros: para crianças pequenas, pode parecer um tanto… parado.

O filme acompanha Alex Honnold, um dos alpinistas mais famosos do mundo, conhecido por suas escaladas no estilo free solo — ou seja, sem cordas, sem equipamentos de segurança, só ele, os sapatos e um pouco de giz para as mãos. Isso mesmo: nada além do próprio corpo entre ele e a queda livre. É um tipo de coragem (ou insanidade?) que desafia a lógica.

Em Free Solo, Honnold decide escalar nada menos que El Capitan, uma parede rochosa gigantesca no Parque Nacional de Yosemite, com cerca de 900 metros de altura. A rota escolhida? Freerider, uma das mais desafiadoras, originalmente feita com equipamentos. Aqui, acompanhamos sua preparação física e emocional para ser o primeiro a subir aquela muralha… completamente sozinho.

A beleza de Free Solo está tanto na cinematografia impressionante quanto no mergulho psicológico que o filme faz na mente de Honnold — suas dúvidas, seu foco, e o que o motiva a correr esse tipo de risco. Mas, a não ser que você conheça alguma criança obcecada por escaladas (e se conhecer, esse é o filme certo!), é provável que os pequenos não se empolguem tanto com o ritmo contemplativo e os dilemas existenciais.

Para adultos, por outro lado, Free Solo é uma experiência de tirar o fôlego.

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)

Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures)

Outro filme que, embora apropriado para crianças, talvez não desperte tanto o interesse delas é o drama biográfico Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures), de 2016, dirigido por Theodore Melfi. A produção conta a inspiradora história de três mulheres negras extraordinárias que desempenharam papéis fundamentais na NASA durante a chamada “Corrida Espacial” dos anos 1960.

Interpretadas por um trio de atrizes poderosas — Taraji P. Henson como Katherine Goble Johnson, Octavia Spencer como Dorothy Vaughan e Janelle Monáe como Mary Jackson —, essas mulheres começaram suas jornadas como “computadores humanos”, realizando complexas equações matemáticas sem sequer saber exatamente para que estavam sendo usadas. À medida que a trama avança, acompanhamos sua luta contra o racismo institucionalizado e o machismo presentes dentro da própria NASA, enquanto buscam reconhecimento e posições de destaque em um ambiente majoritariamente masculino e branco.

Apesar de todas as adversidades, Katherine, Dorothy e Mary acabam conquistando seu espaço e marcando a história da exploração espacial — muito antes que qualquer máquina pudesse substituí-las. A verdadeira Katherine Johnson chegou, inclusive, a receber a Medalha Presidencial da Liberdade em 2015, entregue por Barack Obama.

Estrelas Além do Tempo é um filme poderoso, com atuações impecáveis e uma história necessária, que destaca o talento e a resiliência de três mulheres que estavam à frente do seu tempo. No entanto, o ritmo mais reflexivo e os temas complexos podem não prender a atenção das crianças menores. Para adultos em busca de uma obra com conteúdo histórico, emocional e inspirador no Disney+, essa é uma escolha certeira.

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