Condenado pela Justiça Federal a oito anos e três meses de prisão por piadas preconceituosas durante um show de stand-up, o humorista Léo Lins se manifestou sobre a decisão nesta quinta-feira (5). Em um desabafo, o comediante defendeu o caráter artístico de seu trabalho e afirmou que a sociedade perdeu a capacidade de interpretar piadas de forma adequada.
Segundo ele, “o comediante Léo Lins” é uma persona criada ao longo dos anos que utiliza humor ácido e crítico. “Nem todas as piadas são para todas as pessoas”, disse, enfatizando que as piadas são construídas com figuras de linguagem como hipérbole, metáfora e ironia. “Na construção do texto, nós utilizamos figuras de linguagem, hipérbole, metáfora e ironia numa licença estética e, portanto, uma análise literal desse texto não se aplica na estrutura do cômico”, explicou.
Lins destacou ainda que a condenação suscitou uma discussão importante sobre censura, e criticou a forma como as decisões judiciais podem interferir na liberdade de expressão. “Concordar com sentenças como essa é assinar um atestado que nós somos adultos infantilóides sem a menor capacidade de discernir o que é bom ou ruim para nós e precisamos de um estado falando do que você pode rir, o que você pode ouvir, o que você vai poder comer, o que você pode falar e até um dia o que você pode pensar”, afirmou.
O humorista também classificou o momento atual como uma “epidemia da cegueira racional”, em que julgamentos são feitos com base apenas na emoção. “Estamos vivendo uma das maiores epidemias dos últimos tempos, a da cegueira racional. Os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção e ninguém quer mais ouvir o próximo, quer no máximo convencê-lo da sua própria verdade. Isso pode trazer consequência para qualquer pessoa, mas no caso de um juiz, de uma juíza, pode trazer consequências gravíssimas”, criticou.
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