O humorista Leo Lins, de 42 anos, enfrenta um dos momentos mais delicados de sua carreira. Ele foi condenado a oito anos e três meses de prisão pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo por declarações consideradas discriminatórias contra diversos grupos sociais. As falas foram proferidas em um espetáculo de stand-up e publicadas no YouTube em 2022, sob o título Leo Lins — Perturbador. A pena inclui, além do tempo de reclusão, multa e indenização por danos morais coletivos.
A decisão judicial, que ainda aguarda julgamento de recurso interposto pela defesa, cita que o conteúdo compartilhado “contribui para a disseminação da intolerância e da violência verbal”. A juíza responsável afirma que “o exercício da liberdade de expressão não é absoluto nem ilimitado, devendo se dar em um campo de tolerância e expondo-se às restrições que emergem da própria lei”. Para a magistrada, quando há conflito entre liberdade de expressão e os princípios da dignidade humana e igualdade jurídica, estes últimos devem prevalecer.
A defesa de Lins, composta pelos advogados Carlos Eduardo Ramos e Lucas Giuberti, contestou veementemente a decisão. “Trata-se de um triste capítulo para a liberdade de expressão no Brasil, diante de uma condenação equiparada à censura”, disseram em nota.
Lucas Giuberti, em entrevista ao Além da Notícia, comandado por Paulo Mathias no Youtube, falou sobre o assunto: “Porque no nosso entendimento, essa condenação foi além do jurídico, ela entra em caráter político. A gente sabe que a piada, que o humor do Léo é um humor ácido, é um humor que a gente considera um humor negro. O que nós conseguimos entender é que eles estão querendo pegar o Léo como exemplo de não façam esse tipo de piada, porque senão você também vai ser compelido da mesma forma”, afirmou.
Ele ainda fez comparações com outros comediantes: “Se você observar, as piadas do Léo têm vários comediantes que fazem piadas semelhantes. Vou usar o exemplo aqui do Porta dos Fundos. Cara, o Porta dos Fundos fizeram um especial de Natal que foi extremamente criticado da forma como eles usaram a simbologia de Jesus. Então, enfim, tiveram alguma briga judicial, mas não houve nenhuma condenação criminal igual aconteceu com o Léo”.
Lucas Giuberti finalizou com um questionamento: “Se você pegar e botar o pé da letra, houve muito mais questão de violação religiosa do que qualquer tipo de violação que o Léo possa ter cometido nos ‘crimes’, vou botar assim entre aspas, que a juíza enquadificou ele nessa sentença. […] Então por que só o Léo? Seria o viés político dele mais à direita? É o que a gente pensa, é assim tudo que indica.”
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