Demência reversível existe e estilo de vida é chave na prevenção do Alzheimer

Redação
Por Redação
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Alzheimer (Foto: Freepik)

Em entrevista exclusiva ao Feed TV, o neurocirurgião Dr. Fernando Gomes esclareceu dúvidas fundamentais sobre o envelhecimento cerebral, destacando que nem toda perda cognitiva é definitiva e que hábitos simples podem proteger o cérebro. Veja entrevista completa no canal do Youtube.

Com o aumento da expectativa de vida, a preocupação com a saúde mental na terceira idade torna-se prioridade. No entanto, o médico ressalta a importância de distinguir o Alzheimer de outros quadros. “No Brasil, a gente sabe que existem cerca de 1.200.000 pessoas que convivem com a doença de Alzheimer, que acaba sendo responsável por mais de 50% da manifestação clínica”, explica Gomes.

Nem tudo é Alzheimer: a demência reversível

Um dos pontos mais chamativos da entrevista foi o alerta para diagnósticos que podem ser confundidos. Além da demência vascular (causada por pequenos derrames) e outras formas como a frontotemporal, existe uma condição específica que merece atenção por ser tratável: a hidrocefalia de pressão normal.

“A hidrocefalia de pressão normal é reversível com a realização de uma neurocirurgia, a colocação de uma válvula que tira esse excesso de líquido da cavidade intracraniana”, detalha o neurocirurgião. Ele adverte que, infelizmente, muitos pacientes com essa condição ainda recebem diagnósticos errados de Parkinson ou Alzheimer por desconhecimento, perdendo a chance de reverter o quadro.

A construção da “Reserva Cognitiva”

Sobre a prevenção, o Dr. Fernando Gomes explica que, embora exista um componente genético — especialmente em casos precoces (abaixo dos 55 anos) —, o estilo de vida tem peso decisivo. O cuidado começa cedo, com a educação na infância, que aumenta a conectividade cerebral, criando caminhos alternativos para o pensamento caso a doença se manifeste.

Na vida adulta, a atenção aos sentidos é crucial. O médico cita a resistência ao uso de aparelhos auditivos como um fator de risco ignorado: “Isso é algo que, se diagnosticado e tratado precocemente, você permite que o cérebro continue recebendo informações e isso pode abrandar até mesmo a manifestação clínica lá na frente”.

Alimentação e o perigo do álcool

Questionado sobre o papel da dieta, o especialista foi categórico ao recomendar o equilíbrio e evitar alimentos inflamatórios, como excesso de açúcar e gorduras animais. “Uma alimentação muito parecida com a dieta do Mediterrâneo hoje em dia já se provou como benéfica”, afirma, citando o consumo de peixes ricos em ômega-3, legumes e verduras.

Por outro lado, o consumo prolongado de álcool foi apontado como um vilão direto para a saúde dos neurônios, indo além das questões comportamentais.

Sono e exercícios: a “faxina” cerebral

Para finalizar, o Dr. Fernando reforçou dois pilares essenciais: o sono reparador e a atividade física. Segundo ele, “o sono não é uma perda de tempo”, pois é durante esse período que o cérebro elimina neurotoxinas.

Já os exercícios, especialmente os de força para membros inferiores, liberam substâncias neurotróficas, como a irisina, que estimulam novos circuitos neurais. “O estilo de vida cria uma poupança de saúde para abrandar caso a doença infelizmente se manifeste, mas também ela freia a sua própria evolução”, conclui o médico.

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