Já passou da hora de o Brasil se ver representado no principal telejornal do país. A saída de William Bonner da bancada do Jornal Nacional, anunciada ao vivo nesta segunda-feira (1º), reacendeu um debate antigo: até quando a TV Globo vai manter distante da cadeira titular a maior parcela de sua audiência, a população negra?
Com a despedida marcada para o dia 3 de novembro, Bonner deixará vaga uma das posições mais simbólicas do jornalismo brasileiro. Era a oportunidade perfeita para a emissora corrigir uma distorção histórica, dar visibilidade a profissionais negros e alinhar sua bancada com a diversidade que compõe a sociedade brasileira. No entanto, a Globo preferiu o caminho mais previsível. O escolhido para assumir a cadeira é César Tralli, jornalista já consolidado na emissora e figura recorrente em outros noticiários da casa.
A decisão frustrou expectativas em torno do nome de Márcio Bonfim, que nos últimos anos conquistou espaço e reconhecimento ao comandar edições do Jornal Nacional aos sábados e em coberturas especiais. Talentoso, experiente e símbolo da realidade da pele da maior parte dos brasileiros, Bonfim seria a escolha natural para marcar essa mudança de paradigma. Mas, mais uma vez, prevaleceu a manutenção do padrão que exclui a maior parte da população do espelho televisivo.
Este incômodo é legítimo: em mais de meio século de história, o Jornal Nacional jamais teve um apresentador fixo negro, apesar de avanços pontuais em bancadas temporárias com participação de Heraldo Pereira e Maju Coutinho.
A Globo, que tantas vezes se coloca como promotora de debates sobre inclusão e igualdade, perde uma chance histórica de colocar em prática aquilo que defende em campanhas e discursos. A ausência de diversidade no comando do telejornal mais assistido do país não é apenas um detalhe estético: é um reflexo do atraso de uma mídia que ainda resiste a enxergar o Brasil real.
@feedtv.news William Bonner, 61, anunciou sua saída do Jornal Nacional após 29 anos no comando e 26 como editor-chefe. Ele deixa a bancada em 3 de novembro, sendo substituído por César Tralli ao lado de Renata Vasconcellos. Em 2026, Bonner se dedicará ao Globo Repórter. Cristiana Sousa Cruz assume como editora-chefe do JN. A Globo também confirmou mudanças: Roberto Kovalick no Jornal Hoje e Tiago Scheuer no Hora Um. #TV #JN #Globo #Famosos ♬ som original – Acesse feedtv.news