Luísa Locher (23 anos), é a nova capa do Next Pop! A artista é uma atriz em ascensão, que vem se destacando por papéis no cinema e no teatro. Natural de São Carlos (SP), iniciou sua trajetória artística ainda na infância, ao criar apresentações para a família. Porém, foi só na adolescência que a carreira começou a tomar forma.

Hoje, Luísa colhe frutos desse sonho e já atuou em alguns curta-metragens como “Escuta Ativa” e “Solos”, que está em fase de pós-produção. Com um brilho no olhar, que revela o amor pela profissão, a atriz se prepara para novos voos na carreira.
Nesta entrevista exclusiva, Luísa abre o coração e fala sobre sua história, sonhos para o futuro e confidencia como se preparar para os personagens que interpreta.
Em qual momento você percebeu que queria viver dessa arte?
Desde muito pequena sempre tive contato com diferentes frentes artísticas, meus pais sempre incentivaram muito a cultura dentro de casa e esse é um privilégio enorme. Com o tempo, percebi que a arte não era apenas algo que eu admirava, mas um espaço onde eu me sentia viva, completa e um espaço que eu também era capaz de me expressar. Mas foi quando assisti ao meu primeiro musical ao vivo que tive o estopim: era aquilo que eu queria fazer. Eu queria viver e provocar nas pessoas o mesmo tipo de experiência que estava sentindo naquele momento. Provocar experiências que toquem, que mexam, que transformem, que provoquem…
Como você se prepara para entrar na pele de um novo personagem?
Cada personagem tem sua particularidade, mas eu sempre começo fazendo uma leitura e uma análise minuciosa do texto para absorver ao máximo as informações que o autor já oferece sobre a história e sobre a minha personagem.
A partir dessas informações, crio como se fosse uma linha do tempo da vida dessa pessoa: penso em como foi desde o nascimento, quais acontecimentos, memórias e traumas moldaram quem ela é e sua personalidade hoje. Desenvolvo um passado muito detalhado para sustentar cada escolha, e depois procuro vivenciar o máximo possível daquela realidade — se ela é uma bailarina, por exemplo, vou atrás de fazer aulas de balé; se é alguém que vive em um contexto específico, mergulho nesse universo. Penso no seu corpo, na sua voz, crio suas memórias… Busco compreender o contexto social, cultural e histórico em que a personagem está inserida, para entender melhor suas motivações e comportamentos. Converso com pessoas que vivenciam situações semelhantes.
O processo de criação de personagem é um processo muito complexo, mas extremamente enriquecedor, e eu acho fundamental esse processo, porque estamos falando sobre criar e vivenciar uma vida que não é a minha. E quero trazer da forma mais leal possível.
Qual personagem te marcou até hoje e por quê?
Eu acho essa uma das perguntas mais difíceis de responder (risos), porque todos os personagens me marcaram ou me desafiaram de alguma forma, e tenho um carinho muito especial por cada um deles. De certa forma, isso faz parte do meu objetivo como artista: passar por experiências que ampliem minha compreensão humana e interpretar personagens que me tirem da zona de conforto.
Mas vou falar sobre uma personagem que representou um desafio muito grande para mim, especialmente porque tive apenas duas semanas de preparação. Com a Estrela, vivi várias “primeiras vezes”: foi a primeira vez que precisei estudar um sotaque totalmente diferente do meu — o sotaque polonês — e também a minha primeira personagem de época, com um texto arcaico, originalmente de 1635, repleto de expressões e formas verbais que já caíram em desuso. Encarar essa personagem tão complexa em tão pouco tempo foi realmente desafiador.
Você atuou no curta-metragem “Escuta Ativa”, como foi essa experiência? Qual o maior ensinamento que essa etapa te deixou?
Escuta Ativa conta a história do Guilherme, um jovem surdo e da Gabrielly, , uma psicóloga recém-formada, que se aproximam através da internet e agora eles vão precisar vencer suas inseguranças e lidar com suas diferenças.
Gravamos todas as 4 diárias em Macaé no interior do Rio de Janeiro e foi um projeto muito especial. Nesse processo, tive a oportunidade de contracenar com o Manoel Pedro, um ator com perda auditiva, e essa parceria foi uma das experiências mais genuínas e enriquecedoras da minha trajetória. Esse projeto me transformou não só como artista mas como cidadã. Guardo todas as vivências com muito carinho. Foi um trabalho extremamente necessário construído com muito carinho e dedicação, ao lado de uma equipe e de um elenco extraordinário
Quais mudanças você percebe na sua atuação ao longo dos anos?
Sempre quando olho personagens que eu vivi é impossível não pensar nas coisas que eu faria de diferente hoje em dia. Mas eu acho isso uma coisa muito legal porque mostra como estamos sujeitos a mudança e a evolução o tempo todo. Quanto mais você atua, mais preciso, mais ágil e cirúrgico você fica, principalmente nas escolhas que você faz.
Qual conselho você gostaria de ter recebido no início da sua carreira?
Nossa, são tantos conselhos que eu gostaria de ter recebido (risos), mas acho que um dos principais é não ter medo de arriscar e não esperar uma permissão para existir artisticamente, ninguém vai fazer isso por você. É preciso ter coragem para se lançar, se expor, mesmo quando o caminho parecer incerto ou difícil. Ser fiel a si mesmo, respeitar seu próprio ritmo e valorizar cada pequena conquista faz toda a diferença.
Há algum projeto futuro que você possa adiantar?
Tem muitos projetos interessantes vindo aí, não só no audiovisual mas também meu primeiro lançamento na música. Por enquanto não posso adiantar muita coisa, mas posso dizer que a linguagem desse trabalho nasce de um momento muito pessoal de transição, que se transformou em força e empoderamento. Em breve teremos muitas novidades.
Quais são seus sonhos e metas para os próximos anos de sua carreira?
Sou uma pessoa com muitas metas e muitos sonhos (risos), mas acho que o principal hoje é voltar a atuar no teatro. Sinto muita saudade dos palcos porque essa troca ao vivo com o público é algo que me alimenta profundamente como artista. E claro, sempre continuar me desafiando e me aprimorando em novas linguagens.